terça-feira, 1 de abril de 2008

Dia Internacional do Livro Infantil



Conta uma História.

O ser humano sempre adorou contar suas histórias.

Tudo que acontecesse durante o dia e tivesse uma conotação diferente, já virava história, recheada de “floreios”, que seria contada ao final do dia para todos os familiares quando se reunissem na varanda após o jantar.

O hábito de contar história, melhor dizendo, contar lendas, é milenar tendo origem antes mesmo da escrita a qual eram passadas de geração para geração através da fala onde cada um dava seu toque pessoal.

As lendas mitológicas primam pelo temor que o homem sempre teve diante dos fenômenos da natureza e ao contar seus episódios atribuía a estes fenômenos formas de deuses ou de monstros horríveis.

Estes relatos geravam lendas onde o imaginário superava a realidade e tinham como característica principal: a fatalidade.

Com isto havia a intenção de expressar toda a sua impotência diante do desconhecido.

As lendas são contadas até hoje, muitas ainda através da oralidade conservando sua característica principal: a criatividade.

As histórias voltadas para as crianças aconteceram por volta do século XVII quando a criança passou a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias.

Foi nesta época também que a criança começou a receber uma educação diferenciada onde havia uma preocupação em prepará-la adequadamente para a vida adulta.

Nesta época as histórias eram elaboradas de forma a robustecer estes ensinamentos.

O conto de fadas, desde os seus primórdios, e sabe-se que “Cinderela” já era contado na China no século IX d.C., teve sempre a preocupação de enfatizar a discriminação social, a luta pelo poder, o “conseguir” num vale tudo, bem como a maldade, os maus tratos aos frágeis como crianças e menos afortunados, as buscas incansáveis e a solidão.

Mas também atravessou séculos exaltando valores essenciais ao ser humano como o amor, a solidariedade, a justiça, a compreensão e o bem como vencedor.

Um personagem, de suma importância nos contos de fadas, é justamente o das fadas. Elas são sempre incumbidas do dever de fazer justiça trilhando o caminho do bem e da verdade.

As fadas são sempre representadas pela figura feminina dotadas de grandes virtudes e poderes sobrenaturais.

São a própria expressão do amor.

Mas há o mal que também é representado pela figura feminina, a bruxa, que não mede esforços para conseguir alcançar seus objetivos maléficos não importando os meios que utilizará para chegar até eles.

Há quem diga que o simbolismo fada e bruxa é uma alusão a eterna dualidade feminina.

Normalmente, os Contos de Fadas têm como enredo, provas dificílimas de serem cumpridas, obstáculos a serem vencidos pelo príncipe que normalmente é o herói das histórias, propiciando um encontro com o seu “eu” interior podendo então, ao vencer, se sentir seguro e viver feliz ao lado de sua amada.

Esta linguagem simbólica que envolve personagens e enredos acaba agindo no inconsciente das crianças vindo a auxiliar na resolução de conflitos internos tão normais na infância.

O maniqueísmo envolvendo os personagens tanto para o bem quanto para o mal, facilita a compreensão da criança dos valores básicos para uma vida em sociedade.

A intenção é justamente esta a de levar a criança a se identificar com o herói que é bom. Este sentimento trará uma sensação de segurança e proteção contribuindo para que a criança adquira o equilíbrio quando adulto.

Nas fábulas além de existir o certo a ser seguido e o errado a ser evitado, há a presença forte dos animais, talvez pela afetividade existente entre homem e animal, sendo esta uma forma de estreitar ainda mais estes sentimentos.

Este tipo de história aparece desde século XVIII a.C. na Suméria sendo reinventada no Ocidente por Esopo, um grego que viveu no século V a.C. Mas foi o francês Jean La Fontaine (1621/1692) que introduziu definitivamente a Fábula na Literatura Ocidental.

Na verdade, como já mencionamos acima, elas eram escritas para os adultos, mas até hoje são fábulas apreciadas no mundo infantil.

Nas fábulas, os animais simbolizam características pertencentes ao ser humano e que com o passar do tempo, incorporaram de tal forma, que viraram símbolos. Temos como exemplo o leão que é a imagem da magnitude, da realeza; a raposa que simboliza a astúcia e a esperteza; o cordeiro que representa a ingenuidade e o lobo que é sempre o vilão.

Estes textos recheados de encantamento não só inebriam as crianças como libertam a criança existente dentro de cada adulto.

Há que se ter um cuidado todo especial quanto à interpretação destes contos justamente em razão deste encantamento, razão pela qual se propicia a identificação da criança com o personagem.

As histórias infantis tiveram sempre por finalidade a união do lúdico com o pedagógico.

A magia da literatura é justamente trabalhar com a fantasia.

Podemos, através desta linguagem mágica, transmitir às crianças todos estes conceitos como respeito, educação, solidariedade, companheirismo, que estão praticamente em extinção, em razão da família não ter mais tempo para transmiti-los.

Vamos tentar resgatar o tão sonoro:

... e viveram felizes para sempre!

Cybele Meyer

Branca de Neve - Fantoches


Cinderela


Chapeuzinho Vermelho - Fantoche

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