quinta-feira, 10 de abril de 2008

Laptop para os professores



Toda vez que se fala do uso da Web na Educação as reações dos envolvidos no processo são as mais variadas. Há aquele que se mostra curioso, há o que não quer nem ouvir falar, há o que se faz de surdo não demonstrando qualquer reação enfim, reações diversas.

Tudo isso por quê?
Porque ninguém dá ao professor o suporte necessário para o uso deste recurso.
O Estado do Rio de Janeiro comprou no início do ano (fevereiro) 31 mil laptops com o objetivo de atender 70 mil professores da rede estadual de ensino pretendendo incluí-los digitalmente. Estes laptops já começaram a ser distribuídos.

Será que apenas possuir o laptop faz do professor um incluído digital?
É claro que não!!!
Há que se providenciar capacitação para que aprenda a manusear o laptop, a navegar na internet obtendo subsídios para elaborar uma aula usando as ferramentas que a Web disponibiliza. Se a maioria dos professores, genericamente falando, não consegue ligar um computador, como poderá fazer uso dele em sala de aula?

É em razão dessa falta de respaldo que o professor reage com indignação, alguns, se negando a receber o laptop assinando a desistência uma vez que o mesmo foi entregue em comodato. Outros pensam logo em melhoria no salário ao invés de aplicar o dinheiro “nessas máquinas que não servem para nada”.

Isso sem mencionar que os 60 milhões de reais utilizados para a compra desses laptops foram retirados do Fundo Estadual de Combate à Pobreza, mas isso é assunto para outro artigo.

Falando na capacitação do professor faço um paralelo me reportando ao final do século XIX começo do século XX com a invenção do carro. Até então o cavalo era muito bem vindo como meio de locomoção. Não precisava fazer curso para montar e desde cedo era utilizado.
Então apareceu o carro. Uma novidade, a princípio, disponibilizada para poucos. Os que arriscavam usá-lo saíam fazendo barbeiragens porque não havia regras a serem seguidas.

Porém, o carro era uma “novidade” que tinha vindo para ficar.
Então houve uma mobilização de todos os interessados em proporcionar maiores facilidades para o uso desta “ferramenta” de locomoção. Surgiram as oficinas de reparos, postos de gasolina, estradas primeiramente de terra depois asfaltadas e assim por diante.

Havia ainda aquele que não abandonava o cavalo porque era o meio de locomoção que ele já estava familiarizado. Ninguém abandona sua zona de conforto sem um incentivo.

Como forma de persuadir as pessoas a enxergarem o carro como uma invenção que poderia trazer muitos benefícios exaltava-se o fato de ser mais confortável, de transportar mais pessoas e outras vantagens. Como forma de convencer ser o carro mais veloz do que o cavalo começou-se a equiparar a potência do motor ao número de cavalos que seriam necessários para atingir tal velocidade, metaforicamente falando.

Conforme o carro foi sendo aceito socialmente surgiram os CURSOS para que os motoristas aprendessem a lidar com seus recursos podendo utilizá-los de forma ampla e eficaz.

Encurtando a história, hoje ninguém consegue viver sem o carro. Porém, ainda hoje as pessoas freqüentam cursos (auto-escola) para poder utilizar esta ferramenta.

É dessa forma que enxergo o uso do computador/ Web pelos professores.
Ela também veio para ficar, não há como fugir disso, porém há que existir cursos específicos para o professor aprender como usá-los pedagogicamente.

Dizer que o laptop servirá para o professor preparar suas aulas no Word isso é uma falsa visão da inclusão digital. Web é interação e ninguém interage preparando aula no Word, sozinho. O professor tem que saber que ele pode usar até o e-mail, que é o recurso mais simples e mais conhecido, como fonte de interação e aprendizagem.

Só que como é tudo muito novo e os caminhos estão sendo desbravados é preciso fornecer o mínimo de informação para que se comece a usufruir da Web pelos recursos mais simples.
Para isso é preciso que se mobilize material específico sobre o uso destes recursos.

O que não pode acontecer é se dar asas a quem não sabe voar. Comprem as asas e, concomitantemente, ensinem a voar.

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