
Toda vez que se fala do uso da Web na Educação as reações dos envolvidos no processo são as mais variadas. Há aquele que se mostra curioso, há o que não quer nem ouvir falar, há o que se faz de surdo não demonstrando qualquer reação enfim, reações diversas.
Tudo isso por quê?
Porque ninguém dá ao professor o suporte necessário para o uso deste recurso.
O Estado do Rio de Janeiro comprou no início do ano (fevereiro) 31 mil laptops com o objetivo de atender 70 mil professores da rede estadual de ensino pretendendo incluí-los digitalmente. Estes laptops já começaram a ser distribuídos.
Será que apenas possuir o laptop faz do professor um incluído digital?
É claro que não!!!
Há que se providenciar capacitação para que aprenda a manusear o laptop, a navegar na internet obtendo subsídios para elaborar uma aula usando as ferramentas que a Web disponibiliza. Se a maioria dos professores, genericamente falando, não consegue ligar um computador, como poderá fazer uso dele em sala de aula?
É em razão dessa falta de respaldo que o professor reage com indignação, alguns, se negando a receber o laptop assinando a desistência uma vez que o mesmo foi entregue em comodato. Outros pensam logo em melhoria no salário ao invés de aplicar o dinheiro “nessas máquinas que não servem para nada”.
Isso sem mencionar que os 60 milhões de reais utilizados para a compra desses laptops foram retirados do Fundo Estadual de Combate à Pobreza, mas isso é assunto para outro artigo.
Falando na capacitação do professor faço um paralelo me reportando ao final do século XIX começo do século XX com a invenção do carro. Até então o cavalo era muito bem vindo como meio de locomoção. Não precisava fazer curso para montar e desde cedo era utilizado.
Então apareceu o carro. Uma novidade, a princípio, disponibilizada para poucos. Os que arriscavam usá-lo saíam fazendo barbeiragens porque não havia regras a serem seguidas.
Porém, o carro era uma “novidade” que tinha vindo para ficar.
Então houve uma mobilização de todos os interessados em proporcionar maiores facilidades para o uso desta “ferramenta” de locomoção. Surgiram as oficinas de reparos, postos de gasolina, estradas primeiramente de terra depois asfaltadas e assim por diante.
Havia ainda aquele que não abandonava o cavalo porque era o meio de locomoção que ele já estava familiarizado. Ninguém abandona sua zona de conforto sem um incentivo.
Como forma de persuadir as pessoas a enxergarem o carro como uma invenção que poderia trazer muitos benefícios exaltava-se o fato de ser mais confortável, de transportar mais pessoas e outras vantagens. Como forma de convencer ser o carro mais veloz do que o cavalo começou-se a equiparar a potência do motor ao número de cavalos que seriam necessários para atingir tal velocidade, metaforicamente falando.
Conforme o carro foi sendo aceito socialmente surgiram os CURSOS para que os motoristas aprendessem a lidar com seus recursos podendo utilizá-los de forma ampla e eficaz.
Encurtando a história, hoje ninguém consegue viver sem o carro. Porém, ainda hoje as pessoas freqüentam cursos (auto-escola) para poder utilizar esta ferramenta.
É dessa forma que enxergo o uso do computador/ Web pelos professores.
Ela também veio para ficar, não há como fugir disso, porém há que existir cursos específicos para o professor aprender como usá-los pedagogicamente.
Dizer que o laptop servirá para o professor preparar suas aulas no Word isso é uma falsa visão da inclusão digital. Web é interação e ninguém interage preparando aula no Word, sozinho. O professor tem que saber que ele pode usar até o e-mail, que é o recurso mais simples e mais conhecido, como fonte de interação e aprendizagem.
Só que como é tudo muito novo e os caminhos estão sendo desbravados é preciso fornecer o mínimo de informação para que se comece a usufruir da Web pelos recursos mais simples.
Para isso é preciso que se mobilize material específico sobre o uso destes recursos.
O que não pode acontecer é se dar asas a quem não sabe voar. Comprem as asas e, concomitantemente, ensinem a voar.
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